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Passeia o Poeta
No dia em que o sol cegou os banhistas
Eu vi um poeta conhecido
E uma dicionarista bilíngüe
Na Praia de Ipanema, luzindo
Iam em direção ao Leblon
Respirando no mesmo compasso
Do fôlego de Deus
Artífice daquele espaço
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Deixavam para trás o xadrez
Das pedras metematicamente assentadas
Lentamente e de mãos dadas
Sem pensar em nada
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Eu os segui com atenção
Até o instante em que babás e bebês
Cães e ciclistas voadores
Cruzaram o caminho
O mundo então mostrou-se novamente aos cegos
Com sua poesia veloz e cheia de sentidos
Eu vi um poeta conhecido
E sua amante bilíngüe falou comigo
Um comentário:
Esse poema é uma conversa comigo mesmo. Eu fui ao Rio umas 5 vezes e sempre desejei encontrar escritores - e não artistas. Fiz uma monografia sobre o erotismo em Drummond, e, na minha imaginação, ele poderia aparecer a qualquer momento para refutar cada argumento meu, com toda razão. O meu orientador era amigo do poeta. Por saber disso, muitas vezes fiz perguntas meio ridículas. Coisa de aluno. Ele confidenciou que a cama do itabirense rangeu até o último minuto antes de sua morte. E depois dizem que poesia é coisa de maricas.
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