quarta-feira, 9 de setembro de 2009

[Tipos de Homens.]

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O parente
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A normal antipatia do homem por seus parentes, principalmente pelos de segundo grau, é explicada pelos psicólogos de várias maneiras torturantes e improváveis. A real explicação me parece muito mais simples. Reside no simples fato de que todo homem vê em seus parentes (especialmente em seus primos) uma série de grotescas caricaturas de si próprio. Eles exibem as qualidades dele deformadas para o máximo ou para o mínimo; dão-lhe a impressão de que talvez seja assim que ele próprio se mostra ao mundo, e isto é inquietante — e por isso ferem o seu amour propre e lhe provocam intenso desconforto.
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O contra-parente
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O homem detesta os parentes de sua mulher pela mesma razão de que não gosta de seus próprios, ou seja, porque eles lhe parecem grotescas caricaturas daquela por quem ele tem respeito e afeição, ou seja, sua mulher. De todos eles, a sogra é obviamente a mais repugnante, porque ela não apenas macaqueia sua mulher, mas também porque antecipa o que sua mulher provavelmente se tornará. Aquela visão, naturalmente, lhe provoca náuseas. Às vezes, a coisa é mais sutil. Digamos, por exemplo, que sua própria mulher lhe pareça uma caricatura de uma irmã mais jovem e bonita. Neste caso, estando atado à sua mulher, ele pode vir a detestar a irmã — como sempre se detesta uma pessoa que simboliza o fracasso e a escravidão de alguém.
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O dono da verdade
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O homem que se gaba de só dizer a verdade é simplesmente um homem sem nenhum respeito por ela. A verdade não é uma coisa que rola por aí, como dinheiro trocado; é algo para ser acalentada, acumulada e desembolsada apenas quando absolutamente necessário. O menor átomo da verdade representa a amarga labuta e agonia de algum homem; para cada pilha dela, há o túmulo de um bravo dono da verdade sobre algumas cinzas solitárias e uma alma fritando no Inferno.
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O romântico
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Há uma variedade enorme de homens cujo olho inevitavelmente exagera o que vê, cujo ouvido ouve mais do que a orquestra toca e cuja imaginação duplica ou triplica as informações captadas por seus cinco sentidos. É o entusiasta, o crédulo, o romântico. É o tipo do sujeito que, se fosse um bacteriologista, diria que uma mísera pulga é do tamanho de um cachorro São Bernardo, tão bela quanto a catedral de Beauvais e tão respeitável quanto um professor de Yale.
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O empresário
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Existe um sólido instinto que põe o empresário abaixo de todos os outros profissionais e joga-lhes às costas um fardo de inferioridade social do qual ele não consegue se livrar, mesmo na América. O próprio empresário reconhece esta suposição de inferioridade, mesmo quando protesta contra ela. É o único homem, além do verdugo e do gari, que vive se desculpando por sua ocupação, para fazer parecer, quando atinge o objetivo de seu trabalho — i. e., ter ganho uma montanha de dinheiro —, que o dinheiro não era o objetivo de seu trabalho.
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(H. L. Mencken)
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