quinta-feira, 11 de junho de 2009

[Hilda Hilst]

-

-
Cantares do Sem Nome e de Partidas
-
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.

(I)

(Cantares do Sem Nome e de Partidas - SP: Massao Ohno, 1995.)

Um comentário:

Laninha disse...

Hilda é foda.