domingo, 28 de junho de 2009

[Amor, pois que é palavra essencial.]

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Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúne alma e desejo, membro e vulva.

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Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

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O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

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Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

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Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

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Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

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E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

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E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.

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Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

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Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
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8 comentários:

Lutto T. Nebroso disse...

Para maiores.

Anônimo disse...

Hum... melhor eu não dizer nada.

Laninha disse...

Arte de amar


"Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.


Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.


Porque os corpos se entendem, mas as almas não."

E tenho dito. Eu e Manuel Bandeira.

Lutto T. Nebroso disse...

Eu me lembrava disso. Quando escrevi aquela "conversa captada ao telefone", parti desse ponto: ninguém sabe o que vai na alma do outro. As almas não se entendem.
Sei que o mundo é muito vasto para caber num aforismo, mas. Bem que poderia ser neste.

Laninha disse...

Voltando ao poeta da postagem e aproveitando seu mote de "vastidão", "mundo" e "caber", olha aí...rs

O mundo é grande

"O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar."

Tão bonitinho! :)

Lutto T. Nebroso disse...

Ele escreveu isso na quinta série?
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Brincadeirinha.
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É profundo.
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Como o mar.

Laninha disse...

Câmera focando uma janela. Na janela, uma paisagem, o mar. Foco inverso, do mar pra cama. Na cama, um casal se beijando, como o da foto q vc colocou.
Oras, não é bonitinho?

Ah, sim... rezo todos os dias pra encontrar alunos na 5ª série q escrevam dessa forma...

Lutto T. Nebroso disse...

É bonito, sim. O mecanismo do versinho é bem simples. Mas quem disse que as coisas simples não podem ser as mais belas?