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Não esperava nada desse dia. Mas a minha expectativa felizmente se revelou frustrada. Estive no apartamento onde mora a minha irmã mais velha, que chegou de férias. Na verdade, eu fui deixá-la em casa, junto com a minha sobrinha de 15 anos. Separei uns discos (Tim Maia Racional, Velvet Underground) para a pequena viagem de 30 e poucos quilômetros, mas logo esqueci. Conversamos alegremente sobre a viagem, superficialidades. E, como era de se esperar, tive de ouvir conselhos sobre tudo. Sobre casamento, dinheiro, filhos... e literatura. A respeito do Ensaio sobre a Cegueira eu disse que o Saramago podia ser o que fosse, mas que não era objetivo em suas descrições. Que gostava de ser erudito com a linguagem e isso dificultava a leitura. Ela discordou e falou que ele, o narrador, transformava também o leitor em cego, daí a necessidade do pormenor, de tatear as palavras, algo assim. Eu gostei de ouvir isso. E senti vontade de voltar ao livro. "Nem pensar, você vai ler esses aqui." Estou com Historias de Cronopios y de Famas, do Cortázar e Vida e Época de Michel K, do Coetzee, sobre os quais falarei depois. Nada mal para uma quinta-feira. De vez em quando, a música pode atrapalhar. Não sei se você me entende. Eu agradeço todos os dias por ter tantas mulheres em meu redor: esposa, 5 irmãs, 3 sobrinhas. E um filho que vai um dia entender a minha admiração pela beleza do universo feminino. Porque não sou bobo nem nada. See U, folks.