segunda-feira, 28 de junho de 2010

[Presença da Tragédia.]

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Se alguém me matasse. Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o trânsito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama. Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um árvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo público e construindo a minha legenda. Melhor que fosse algo misterioso. O noticiário duraria mais tempo, o caso seria revisto por curiosos dispostos a desvendar enigmas. Provocar a necessidade de uma autópsia, de exumação. Ser o enigma do século seria a minha glória. Se eu tivesse essa certeza, não me incomodaria de estar morto.
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(Ignácio de Loyola Brandão)
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3 comentários:

Lutto T. Nebroso disse...

Sempre foi um assunto central na minha vida, a morte.

Anônimo disse...

Não conhecia esse texto. Gostei.

Lutto T. Nebroso disse...

Honey Bunny? O que você não conhece?