quarta-feira, 29 de julho de 2009

[Encontramos!]

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Olhos mais expressivos que os da Juliana Paes.
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[Música do Dia.]

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"Não sei o que estou fazendo aqui, mas pediram uma mulher pelada.
Porque no Guerrilha é sempre assim."
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"O mundo é um moinho"
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Para download gratuito em:
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[As ilusões a pó.]

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[Ainda é cedo, amor.]

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O Mundo é um Moinho
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Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

(Cartola)

[O pecado mora... acima.]

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

[Esboço para um conto.]

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“O empalhador”

Depois da morte da esposa, o Sr. Gallimard quase não saía de casa. A não ser por um motivo muito relevante. Médico aposentado, passava quase todo o tempo a empalhar animais, quase todos oriundos da mata que contornava parte de sua propriedade – um sítio próximo a Petrópolis. Ali, um galpão escuro e empoeirado servia de depósito para suas peças: aves, pássaros, símios e roedores. Os seus serviços eram contratados pelo zoológico do Rio de Janeiro e por alguns admiradores dessa arte esquecida. Sempre que perguntavam sobre por que preparava animais daquela maneira, ele respondia: “não posso ser condescendente com a putrefação”.
Gallimard era descendente de franceses, médico de família. Frequentava a nossa casa quando eu ainda era criança. Tornou-se um grande amigo do meu pai. Os dois passavam bons intervalos discutindo filosofia. Nunca havíamos trocado, porém, mais do que algumas palavras. Por isso, fiquei surpreso ao receber um telegrama remetido por ele. Estava muito doente e queria falar-me. O encontro aconteceu numa tarde de inverno. Ele cruzou por mim na entrada do hotel onde praticamente moro, na mesma Petrópolis. Quis alugar um quarto por dois dias. Mas não tinha como pagar – esperava um dinheiro para aquela tarde, a ser deixado no hotel. Tentei emprestar-lhe uma pequena quantia, mas ele recusou. Pediu para ficar no meu quarto até que a situação se resolvesse. Eu não tinha por que duvidar daquele senhor de chapéu e terno escuro e, além disso, sentia-me atraído pela sua companhia, por alguma razão que me remetia à infância. Ajudei-o com a bagagem e soube que ali estavam os instrumentos utilizados em seu novo ofício, forjados por ele.
Conversamos pouco sobre sua vida. Gallimard limitava-se a falar das peças que trouxera. “Ajudam a extirpar as vísceras dos animais e a preparar o bojo para o enchimento. Alguns cortam e furam como dardos, de tão afiados.” Perguntei se ele não tinha coragem de embalsamar um corpo humano e ele se calou. Disse que só entendia de peles e barrigas de animais. Que só praticava o empalhamento. “Embalsamar requer muita perícia, e eu sou apenas um velho de mãos trêmulas. Meus trabalhos são admirados apenas por pessoas sem o mínimo senso estético”, disse. O fato é que a minha pergunta o fez baixar a cabeça e respirar fundo. Parecia que aquele homem escondia algo. Algo que eu precisava saber. Convidei-o para beber um pouco no centro da cidade, como se eu fosse um detetive de um romance de Allan Poe. Ele aceitou de imediato e sugeriu que o lugar fosse calmo.
O uísque, em pouco tempo, conferiu-nos uma profundidade trágica, eu diria. Contei-lhe sobre a minha tentativa de suicídio. Ele falou da esposa falecida. Discretamente, choramos. Parecíamos possuídos por um sentimento comum, que nos corroía: o sentimento de culpa. A diferença é que tentei acabar com algo inútil, a minha própria vida. Ele acabou com a vida da esposa.
Sim, eu estava diante de um assassino. E isso tanto me fascinava quanto amedrontava. Ouvi, transtornado, o relato do crime que desafiou a polícia do Rio de Janeiro na década de 70. Gallimard foi absolvido por falta de provas.“Não há assassinato sem cadáver, filho”, disse, um tanto constrangido. E foi como se eu tivesse sido arremessado no Inferno quando ele passou a relatar os detalhes de seu repugnante ato. O leitor não vai acreditar, mas a esposa daquele velho que inspirava uma certa ternura havia sido estrangulada. “Mas por quê?” – perguntei, exaltado. “Ela odiava-me e planejava a minha morte. Além do mais, sempre quisera ser embalsamada. Acho que cumpri com o seu destino”, respondeu. “O corpo permanece intacto, depois de 38 anos, escondido numa espécie de sarcófago, no mesmo galpão onde estão os animais empalhados”, continuou. Gallimard fizera todo o trabalho sozinho. E o mais estranho vem agora: ele estava naquela cidade para embalsamar um outro corpo! Os instrumentos trazidos, pelo visto, não serviam apenas para dissecar bichos. Mas quem encomendaria semelhante serviço?
Aos calafrios, tive a revelação: “Sei que você deseja a morte e estou aqui para ajudá-lo quanto a isso. Posso preservar o seu invólucro por um tempo indefinido. O horror da putrefação não será experimentado pela sua carne, filho. E tenha isso como um presente de Deus, se você realmente acredita nele. Temos de ser rápidos, pois não sei quanto tempo de vida ainda tenho”, ele disse. Naquele momento, soltei um grito. E desmaiei ao saber quem estava por trás daquele plano tenebroso.

Nesta edição, Lutto T. Nebroso recebe a visita do velho Gallimard, médico aposentado e empalhador. Ele tem uma missão: matar e embalsamar nosso enfant terrible. Quem estaria por trás de semelhante plano? Não perca a continuação desse bizzarro conto.

“Medo, tremores, terror”

“Não posso negar o pedido de um amigo”, foram as últimas palavras que ouvi antes de cair. Acredite: o velho Gallimard estava na cidade para atender a um pedido do meu pai! Nem a mais fértil imaginação conceberia que de filho bem-amado eu passaria a cadáver embalsamado pelas mãos de um assassino! Não podia ser! Que estranhas forças obrigariam um pai a encomendar a morte de um filho?
Agora eu compreendia melhor por que o empalhador aparecera no hotel sem dinheiro. Ele queria forçar-me a aceitá-lo como visita. Ganhar a minha confiança para depois me golpear covardemente. Livrei-me por um tempo do ataque ao convidá-lo para tomar um uísque num lugar público. Mas, para meu azar, ali desmaiei. Isso facilitava a arquitetura do plano. Gallimard poderia ter me ferido durante o tempo que perdi os sentidos se quisesse. Mas esperou até que eu acordasse. Ainda atordoado, fui levado para o lugar onde seria objeto de suas lâminas - embora ele tenha dito aos fregueses do bar que me levaria ao hospital.
No galpão onde guardava os animais – na verdade, estátuas assustadoras – respirava-se um ar frio e pesado. Naquele lugar, só se podia ter medo, tremores ou terror. A imagem dos seres empalhados, principalmente a de um disforme gato preto, me fez pensar que eu estava submerso num pesadelo. Tentei, em vão, perguntar o que estávamos fazendo ali. “Não se preocupe, tudo acabará bem”, ele disse, antes de injetar, apressado e inquieto, alguma substância em meu corpo. Fiquei o tempo inteiro a equilibrar-me na tênue linha que separa o sono da vigília, numa espécie de delírio. Lembro-me de ter visto um anjo pendurado no teto daquele lugar. Com as asas ensanguentadas, ele dizia: “Três dias se passarão até que uma nova dimensão se abra diante dos seus olhos, filho. Foi assim com o filho de Javé no túmulo e assim há de ser contigo.”
Naquela época, meu pai participava de uma sociedade que misturava religião e filosofia. Estava debilitado mentalmente e quase sempre falava sozinho. Encarnava personagens bíblicos, fazia pregações na rua. Numa dessas ocasiões, afirmou que conhecia o ventre de um monstro marinho, onde passara alguns dias até ser libertado pelas mãos divinas. Inspirava pena, mas pouco eu podia fazer. Dizer insanidades em praça pública era, ironicamente, a sua única ligação com o que chamados de mundo real.
Meu pai adorava-me. A angústia de me ver sempre no limite das coisas, sempre sangrando para viver, entretanto, o afetou gravemente. A minha morte não passaria, assim, de uma punição contra ele próprio, ainda que inconsciente. A demência era tal que o impedia de compreender coisas elementares. Como o princípio universal que proíbe de matar. E assim, ele desejava ser obedecido em sua loucura. No fundo, a vítima a ser embalsamada não era outra senão ele mesmo. O mais incrível é que pudesse encontrar alguém a levar a cabo a sua mais horrenda idéia. Está claro que a diferença entre a loucura e a sanidade é que a primeira é muito mais comum.
Depois de uma queda vertiginosa dentro de mim, induzida pela quantidade de substâncias que me foram injetadas, eu só podia desejar que a minha morte fosse breve. Mas estou aqui para contar esta história. Como? Use toda a sua imaginação possível e ainda assim o que vem pela frente ainda lhe parecerá estranho.
A imagem do meu algoz passava diante de meus olhos, como num filme, quando ouvi o ranger dos portões. Uma luz de automóvel invadiu a penumbra do lugar no momento em que Gallimard se preparava para uma incisão em meu corpo. Entraram 7 homens, acompanhados de meu pai. Houve disparos de arma de fogo para o alto. “Solte o rapaz, deite-se com as mãos na cabeça!”. O embalsamador, porém, não obedeceu. Tentou escapar e foi atingido nas costas. Ao pressentir a morte, arrastou-se até o lugar onde estava o cadáver da esposa – e ali gritou o seu nome. Foi o grito mais lancinante que algum ser humano poderia emitir. Segundos depois, ele fazia companhia aos grotescos animais secos.
A minha libertação e a elucidação do crime renderam boas páginas no noticiário. Chamaram Gallimard de “O Médico Monstro” e a alcunha caiu no gosto popular. Soube também pela imprensa que, ao contrário do que eu pensava, meu pai não estava por trás daquele crime. A polícia tinha ido ao galpão para localizar o corpo morto da pobre vítima pelas informações dele, que guardou por décadas o bizarro segredo do amigo. Fora obrigado a revelá-lo para não ser acusado de cumplicidade e ser preso. Não há segredo que não possa ser contado um dia, agora eu sei. E se estou vivo é por essa combinação de acaso, sorte e, quem sabe, destino. Mas não pensem, sinceramente, que estou feliz por isso.
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sábado, 25 de julho de 2009

[Stop in the name of love.]

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[Pin-up do Dia.]

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[Nossa ideia de...]

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Diarista.
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[Nelson Rodrigues, aquele.]

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Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.

Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.

Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.

Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva.

No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.

A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.

Deus só frequenta as igrejas vazias.

Copacabana vive, por semana, sete domingos.

Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora!

A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.

Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos.

No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.

Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.

Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.

Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.

O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses.

Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.

Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.

O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.

Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.

Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: - não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.

Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.

Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa.

Sexo é para operário.

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.

Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

[Nossa aposta para...]

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Passista da Mangueira em Las Vegas.
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[Nossa ideia de...]

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Pose para fotografia.
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[Novos retratos em branco e preto.]

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

[Nossa ideia de anúncio de jornal]

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Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
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(C. Lispector)
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[Uma certa Norma Jean]

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(Marilyn and I)