terça-feira, 31 de março de 2009

[Slogan de Top Model?]

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[Manuel Bandeira]

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Belo Belo

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo - que foi? passou - de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.

[Imagem do Dia]

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"Run, rabbit, run!"
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[Louco por música]

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segunda-feira, 30 de março de 2009

[Retrato do Artista...]

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Quando velho.
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[Outra sugestão.]

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Um pouco mais retrô.
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[Crie a legenda]

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O que será que ele disse?
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sábado, 28 de março de 2009

[Nunca corte o cabelo.]

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[Picture of the Day]

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[Nossa idéia de...]

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Cena do crime
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[Coisas antiquadas.]

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Que nunca saem de moda.
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[Coisas antiquadas]

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Que não saem de moda.
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[Nossa idéia de...]

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Mesa de escritório.
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[Nossa idéia de...]

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Aparelho de TV.
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[Seus novos meios de transporte]

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[Seus novos papéis de parede]

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[Flor de Obsessão]

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O adulto não existe. O homem é o menino perene.
- Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.
- A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença numerosa de um amigo real.
- Amar é ser fiel a quem nos trai.
- Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto.
- Só acredito na bondade que ri. Todo santo devia ser jucundo como um abade da Brahma.
- O brasileiro é um feriado.
- Os jardins de Burle Marx não têm flores. Têm gramados e não flores. Mas para que grama, se não somos cabras?
- A burrice é a pior forma de loucura.
- No Brasil quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte. O Otto Lara está certo. O mineiro só é solidário no câncer.
- O carioca é o único sujeito capaz de berrar confidências secretíssimas de uma calçada para outra calçada.
- Num casal, pior que o ódio, é a falta de amor.
- O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira.
- Geralmente, o puxa-saco dá um marido e tanto.
- O carioca é um extrovertido ululante.
- As bodas de prata são, via de regra, uma festa cínica que finge comemorar um amor enterrado.
- O pior cego é o surdo. Tirem o som de uma paisagem e não haverá mais paisagem.
- Os que choram pouco, ou não choram nunca, acabarão apodrecendo em vida.
- Gosto do cigarro que me queime a garganta. O fumo suave não passa de um ópio de gafieira.
- Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
- Desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e neurastênica.
- Sexta-feira é o dia em que a virtude prevarica.
- Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de gafieiras eternas.
- Há homens que, por dinheiro, são capazes até de uma boa ação.
- Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.
- A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.
- Eu, como artista, se tivesse de escolher um epitáfio, optaria pelo seguinte: — "Aqui jaz Nelson Rodrigues, assassinado pelos imbecis de ambos os sexos".
- Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.
- Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer.
- Toda família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais decente, mais digna do mundo. Lá um dia aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica, um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo.
- A família é o inferno de todos nós.
- A fidelidade devia ser facultativa.
- O gordo só é cruel na mesa, diante do prato, com o guardanapo a pender-lhe do pescoço.
- D. Helder só olha o céu para saber se leva ou não o guarda-chuva.
- O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho.
- Hoje, a primeira noite é a centésima, a qüinquagésima. O casamento já é uma rotina antes de começar.
- O ser humano está mais para Lucho Gatica do que para Paul Valéry.
- O que se está fazendo aqui é uma música popular brasileira que não é popular, nem brasileira e vou além: — nem música.
- Aqui o branco não gosta do preto; e o preto também não gosta do preto.
- Amigos, eis uma verdade eterna: — o passado sempre tem razão.
- Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.
- O pobre, para sobreviver, precisa da pornografia.
- O presidente que deixa o poder passa a ser, automaticamente, um chato.
- O ônibus apinhado é o túmulo do pudor.
- É impossível ser ridículo dentro de uma Mercedes.
- Num casamento, o importante não é a esposa, é a sogra. Uma esposa limita-se a repetir as qualidades e os defeitos da própria mãe.
- A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.
- No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, se quiserem acreditar, vaia-se até mulher nua.
- Uma dor de viúva dura 48 horas.
- Todo óbvio é ululante.

[Frases selecionadas e organizadas por Ruy Castro, extraídas do livro "Flor de Obsessão", Cia. das Letras - São Paulo, 1997, págs. diversas.]

Fonte:

http://www.releituras.com/

[A vida como ela é]

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A vida como ela é

O rico e o pobre são duas pessoas.
O soldado protege os dois.
O operário trabalha pelos três.
O cidadão paga pelos quatro.
O vagabundo come pelos cinco.
O advogado rouba os seis.
O juiz condena os sete.
O médico mata os oito.
O coveiro enterra os nove.
O diabo leva os dez.
E a mulher engana os onze.

[Nelson Rodrigues]

sexta-feira, 27 de março de 2009

[Waiting in Vain]

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[Polaroid do Dia]

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[Música do Dia]

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"Diamond Sea"
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Sonic Youth
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Para download gratuito em:
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Time takes its crazy toll
and how does your mirror grow
you better watch yourself when you jump into it
'cause the mirror's gonna steal your soul
I wonder how it came to be my friend
that someone just like you has come again
you'll never, never know how close you came
until you fall in love with the diamond rain
throw all his trash away
look out he's here to stay
your mirror's gonna crack when he breaks into it
and you'll never never be the same
look into his eyes and you can see
why all the little kids are dressed in dreams
I wonder how he's gonna make it back
when he sees that you just know it's make-belief
blood crystalized as sand
and now I hope you'll understand
you reflected into his looking glass soul
and now the mirror is your only friend
look into his eyes and you will see
that men are not alone on the diamond sea
sail into the heart of the lonely storm
and tell her that you'll love her eternally
time takes its crazy toll
mirror fallin' off the wall
you better look out for the looking glass girl
'cause she's gonna take you for a fall
look into his eyes and you shall see
why everything is quiet and nothing's free
I wonder how he's gonna make her smile
when love is running wild on the diamond sea

quarta-feira, 25 de março de 2009

[O Filho Eterno]

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Capítulo do livro homônimo e autobiográfico de Cristóvão Tezza.
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A manhã mais brutal da vida dele começou com o sono que se interrompe - chegavam os parentes. Ele está feliz, é visível, uma alegria meio dopada pela madrugada insone, mais as doses de uísque, a intensidade do acontecimento, a sucessão de pequenas estranhezas naquele espaço oficial que não é o seu, mais uma vez ele não está em casa, e há agora um alheamento em tudo, como se fosse ele mesmo, e não a mulher, que tivesse o filho de suas entranhas - a sensação boa, mas irremediável ao mesmo tempo, vai se transformando numa aflição invisível que parece respirar com ele. Talvez ele, como algumas mulheres no choque do parto, não queira o filho que tem, mas a ideia é apenas uma sombra. Afinal, ele é só um homem desempregado e agora tem um filho. Ponto final. Não é mais apenas uma ideia, e nem mais o mero desejo de agradar que o seu poema representa, o ridículo filho da primavera - é uma ausência de tudo. Mas os parentes estão alegres, todos falam ao mesmo tempo. A tensão de quem acorda sonado se esvazia, minuto a minuto. Como ele é? Não sei, parece um joelho - ele repete o que todos dizem sobre recém-nascidos para fazer graça, e funciona. O bebê é parrudo, grande, forte, ele inventa: é o que querem ouvir. Sim, está tudo bem. É preciso que todos vejam, mas parece que há horários. Daqui a pouco ele vem - aquele pacotinho suspirante. A mulher está plácida, naquela cama de hospital - sim, sim, tudo vai bem. Há também um rol de recomendações que se atropelam - todos têm alguma coisa fundamental a dizer sobre um filho que nasce, ainda mais para pais idiotas como ele. Eu fiz um curso de pai, ele alardeia, palhaço, fazendo piada. Mas era verdade: passou uma tarde numa grande roda de mulheres buchudas, a dele incluída, é claro, com mais dois ou três futuros pais devotos, atentíssimos, ouvindo uma preleção básica de um médico paternal, e de tudo guardou um único conselho - é bom manter uma boa relação com as sogras, porque os pais precisam eventualmente descansar da criança, sair para jantar uma noite, tentar sorver um pouco o velho ar de antigamente que não voltará jamais. E as famílias falam e sugerem - chás, ervas, remedinhos, infusões, cuidados com o leite -, é preciso dar uma palmada para que ele chore alto, assim que nasce, diz alguém, e alguém diz que não, que o mundo mudou, que bater em bebê é uma estupidez (mas não usa essa palavra) - eles não vão trazer a criança? E que horas foi? E o que o médico disse? E você, o que fez? E o que aconteceu? E por que não avisaram antes? E por que não chamaram ninguém? E vamos que acontece alguma coisa? Ele já tem nome? Sim: Felipe. Os parentes estão animados, mas ele sente um cansaço subterrâneo, sente renascer uma ponta da mesma ansiedade de sempre, insolúvel. Ir para casa de uma vez e reconstruir uma boa rotina, que logo ele terá livros para escrever - gostaria de mergulhar no Ensaio da Paixão de novo, alguma coisa para sair daqui, sair deste pequeno mundo provisório. Sim, e beber uma cerveja, é claro! A ideia é boa - e ele quase que gira o olhar atrás de uma companhia para, de fato, conversar sobre esse dia, organizar esse dia, pensar nele, literariamente, como um renascimento - veja, a minha vida agora tem outro significado, ele dirá, pesando as palavras; tenho de me disciplinar para que eu reconquiste uma nova rotina e possa sobreviver tranquilo com o meu sonho. O filho é como - e ele sorri, sozinho, idiota, no meio dos parentes - como um atestado de autenticidade, ele arriscará; e ainda uma vez fantasia o sonho rousseauniano de comunhão com a natureza, que nunca foi dele mas que ele absorveu como um mantra, e de que tem medo de se livrar - sem um último elo, o que fica? Em toda parte, são os outros que têm autoridade, não ele. O único território livre é o da literatura, ele talvez sonhasse, se conseguisse pensar a respeito. Sim, é preciso telefonar para o seu velho guru, de certa forma receber sua bênção. Muitos anos depois uma aluna lhe dirá, por escrito, porque ele não é de intimidades: você é uma pessoa que dá a impressão de estar sempre se defendendo. Sentimentos primários que se sucedem e se atropelam - ele ainda não entende absolutamente nada, mas a vida está boa. Ainda não sabe que agora começa um outro casamento com a mulher pelo simples fato de que eles têm um filho. Ele não sabe nada ainda. Súbito, a porta se abre e entram os dois médicos, o pediatra e o obstetra, e um deles tem um pacote na mão. Estão surpreendentemente sérios, absurdamente sérios, pesados, para um momento tão feliz - parecem militares. Há umas dez pessoas no quarto, e a mãe está acordada. É uma entrada abrupta, até violenta - passos rápidos, decididos, cada um se dirige a um lado da cama, com o espaldar alto: a mãe vê o filho ser depositado diante dela ao modo de uma oferenda, mas ninguém sorri. Eles chegam como sacerdotes. Em outros tempos, o punhal de um deles desceria num golpe medido para abrir as entranhas do ser e dali arrancar o futuro. Cinco segundos de silêncio. Todos se imobilizam - uma tensão elétrica, súbita, brutal, paralisante, perpassa as almas, enquanto um dos médicos desenrola a criança sobre a cama. São as formas de um ritual que, instantâneo, cria-se e cria seus gestos e suas regras, imediatamente respeitadas. Todos esperam. Há um início de preleção, quase religiosa, que ele, entontecido, não consegue ainda sintonizar senão em fragmentos da voz do pediatra:- ...algumas características... sinais importantes... vamos descrever. Observem os olhos, que têm a prega nos cantos, e a pálpebra oblíqua... o dedo mindinho das mãos, arqueado para dentro... achatamento da parte posterior do crânio... a hipotonia muscular... a baixa implantação da orelha e... O pai lembra imediatamente da dissertação de mestrado de um amigo da área de genética - dois meses antes fez a revisão do texto, e ainda estavam nítidas na memória as características da trissomia do cromossomo 21, chamada de síndrome de Down, ou, mais popularmente - ainda nos anos 1980 - "mongolismo", objeto do trabalho. Conversara muitas vezes com o professor sobre detalhes da dissertação e curiosidades da pesquisa (uma delas, que lhe veio súbita agora, era a primeira pergunta de uma família de origem árabe ao saber do problema: "Ele poderá ter filhos"? - o que pareceu engraçado, como outro cartum). Assim, em um átimo de segundo, em meio à maior vertigem de sua existência, a rigor a única que ele não teve tempo (e durante a vida inteira não terá) de domesticar numa representação literária, apreendeu a intensidade da expressão "para sempre" - a ideia de que algumas coisas são de fato irremediáveis, e o sentimento absoluto, mas óbvio, de que o tempo não tem retorno, algo que ele sempre se recusava a aceitar. Tudo pode ser recomeçado, mas agora não; tudo pode ser refeito, mas isso não; tudo pode voltar ao nada e se refazer, mas agora tudo é de uma solidez granítica e intransponível; o último limite, o da inocência, estava ultrapassado; a infância teimosamente retardada terminava aqui, sentindo a falta de sangue na alma, recuando aos empurrões, sem mais ouvir aquela lengalenga imbecil dos médicos e apenas lembrando o trabalho que ele lera linha a linha, corrigindo caprichosamente aqui e ali detalhes de sintaxe e de estilo, divertindo-se com as curiosidades que descreviam com o poder frio e exato da ciência a alma do seu filho. Que era esta palavra: "mongolóide". Ele recusava-se a ir adiante na linha do tempo; lutava por permanecer no segundo anterior à revelação, como um boi cabeceando no espaço estreito da fila do matadouro; recusava-se mesmo a olhar para a cama, onde todos se concentravam num silêncio bruto, o pasmo de uma maldição inesperada. Isso é pior do que qualquer outra coisa, ele concluiu - nem a morte teria esse poder de me destruir. A morte são sete dias de luto, e a vida continua. Agora, não. Isso não terá fim. Recuou dois, três passos, até esbarrar no sofá vermelho e olhar para a janela, para o outro lado, para cima, negando-se, bovino, a ver e a ouvir. Não era um choro de comoção que se armava, mas alguma coisa misturada a uma espécie furiosa de ódio. Não conseguiu voltar-se completamente contra a mulher, que era talvez o primeiro desejo e primeiro álibi (ele prosseguia recusando-se a olhar para ela); por algum resíduo de civilidade, alguma coisa lhe controlava o impulso da violência; e ao mesmo tempo vivia a certeza, como vingança e válvula de escape - a certeza verdadeiramente científica, ele lembrava, como quem ergue ao mundo um trunfo indiscutível, eu sei, eu li a respeito, não me venham com histórias - de que a única correlação que se faz das causas do mongolismo, a única variável comprovada, é a idade da mulher e os antecedentes hereditários, e também (no mesmo sofrimento sem saída, olhando o céu azul do outro lado da janela) relembrou como alguns anos antes procuraram aconselhamento genético sobre a possibilidade de recorrência nos filhos (se dominante ou recessiva) de uma retinose, a da mãe, uma limitação visual grave, mas suportável, estacionada na infância. Recusa. Recusar: ele não olha para a cama, não olha para o filho, não olha para a mãe, não olha para os parentes, nem para os médicos - sente uma vergonha medonha de seu filho e prevê a vertigem do inferno em cada minuto subsequente de sua vida. Ninguém está preparado para um primeiro filho, ele tenta pensar, defensivo, ainda mais um filho assim, algo que ele simplesmente não consegue transformar em filho.No momento em que enfim se volta para a cama, não há mais ninguém no quarto - só ele, a mulher, a criança no colo dela. Ele não consegue olhar para o filho. Sim - a alma ainda está cabeceando atrás de uma solução, já que não pode voltar cinco minutos no tempo. Mas ninguém está condenado a ser o que é, ele descobre, como quem vê a pedra filosofal: eu não preciso deste filho, ele chegou a pensar, e o pensamento como que foi deixando-o novamente em pé, ainda que ele avançasse passo a passo trôpego para a sombra. Eu também não preciso desta mulher, ele quase acrescenta, num diálogo mental sem interlocutor: como sempre, está sozinho.
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[Você nunca viu nada igual...]

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[Como perder a compostura]

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[Vamos nos divertir um pouco.]

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Aê...

[O mundo é mesmo muito fofo...]

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[Música do Dia]

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"1979"
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Smashing Pumpkins
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Para download gratuito em:
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[Esse é estadunidense]

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[O peso das palavras]

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[Minha única frase original]

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O elefante não passa de um regador gigante.
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[Faz-me rir]

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Deus tem senso de humor.
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[Imagem do Dia]

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Direto da Índia.
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[Nossa idéia de...]

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História de amor.
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terça-feira, 24 de março de 2009

[Beleza interior.]

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[Nossa idéia de...]

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Filme de terror para crianças.
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[Você não odiava?]

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Os deveres de casa.
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[Duas Ruas]

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Cruzamento da Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Santa Clara, por onde passamos muitas vezes nesse último fim de semana (show do Radiohead). Eu, Marcão, Moabba e Fabíola. Para eles, aquele abraço.

segunda-feira, 23 de março de 2009

[Sons de Guerrilha]

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Agora você pode passear por aqui ouvindo música. As faixas (à direita) abrem automaticamente, o que pode causar danos ao seu cérebro, porque se misturam como Blood Mary e Mojito, se é que você me entende. Clique em pause para desabilitar as que não deseja ouvir. Ou desligue a sua caixinha de som e fique na paz. Todas as músicas são preciosas para mim. Estão sempre relacionadas a algum momento, coisa, pessoa, utensílio doméstico ou planta enrolada em papel. Calma, eu ainda não surtei. Se estou um pouco avariado, é por falta de música. Meu remédio diário. Rock saved my life, don't you know, guys?!
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domingo, 22 de março de 2009

[Just Like Heaven, The Cure]

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Para download gratuito em:
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[Image du Jour]

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Para os dias de arco-íris.
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sábado, 21 de março de 2009

[Imagens do Dia]

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Papéis de Parede.
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