terça-feira, 27 de julho de 2010

[Barbarella.]

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

[Sonic Youth]

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"Sister"
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(1987)
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quarta-feira, 14 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

[Histórias mitológicas.]

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"As cem melhores histórias da mitologia"
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Livro eletrônico
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segunda-feira, 12 de julho de 2010

[Assovio de cobra.]

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Adorada por conhecedores e odiada pela maioria dos abstêmios que não bebem, a cachaça se confunde com a própria história nacional cambaleante. Está na alma do nosso povo e na cabeça gorda dos governantes que forjaram esta espetacular nação de macunaímas que trocam as pernas (eu queria as da Cláudia Raia). Com ela não existe meio termo. Nem meia dose. Só meia garrafa. E todos sabem que para um bom bebedor meia garrafa basta. Basta?
Apreciada com moderação (ué, a vida não vai melhor nos excessos, senhor Blake?), é considerada um dos melhores aperitivos do mundo. Só perde para o famoso uísque Highland Scotch His Majesty Royal Gold Label Finest, do qual nunca ouvimos falar, graças a Deus. E nem precisamos: uma Lua Cheia para nós, descendentes de africanos, com um pedacinho de queijo curado para acompanhar, está bom demais. Além do mais, uísque é a bebida daqueles estranhos homens que usam saia e tocam gaita em desafinação de dar dó.
Segunda bebida alcoólica mais consumida no Brasil, a cachaça pertence à família das eau-de-vie, que traduzimos como “água da vida”. A sua fórmula química é H2O 51. É tão popular que já virou sinônimo para todas as outras bebidas conhecidas. Fôssemos um país sério, ela seria matéria obrigatória nas escolas. Não, não estamos bêbados.
Destilada à base de cana-de-açúcar, leveduras e água, a cachaça é relativamente fácil de fazer. A fabricação começa com a moagem da cana, que produz um caldo ao qual se adiciona água, resultando no mosto. Sob o efeito das leveduras (procura aí no Houaiss), o mosto entra em processo de fermentação. Depois da decantação (lembra das aulas de Química?), é feita a destilação num alambique do tipo “cebolão”.
Antes, toda a cachaça produzida no Brasil era artesanal. Praticamente toda casa de engenho produzia a sua preciosa, que adoçava os beiços de senhores e escravos, igualmente. Um exemplo de bebida democrática. Depois da Revolução Industrial, a pinga foi pro brejo e de lá nunca mais saiu. Hoje, temeridades medonhas e sem noção dominam o mercado nacional. Felizmente, ainda existem centenas de alambiques espalhados pelo Brasil, sendo que alguns dos melhores estão na região de Salinas-MG, capital mundial da branquinha. Nada contra os paulistas, cearenses, baianos e paraibanos: mas os mineiros são considerados os michelângelos do assunto. Até prova em contrário.
Perdoem-nos os alguns, mas a boa cachaça deve ser pura. Nada de colocar cravo, ervas, mel ou cascas de árvore: isso é coisa de quem não gosta de sentir o sabor da cana ou não é dado a tradições. O modo de fazer uma boa cachaça é passado de geração para geração e isso faz toda a diferença. O processo inclui uma cana de qualidade superior, colhida em sua melhor fase, fermento caseiro natural, condensação em recipientes especiais e outros toques de classe. Tudo isso deve ser considerado antes do brinde.
Como símbolo dos ideais de liberdade, a cachaça percorreu as bocas dos inconfidentes e da população que apoiou a Conjuração Mineira. A Semana de Arte Moderna, em 1922, em seu suspiro de brasilidade, não deixou a cachaça de lado, num balcão vazio. É certo: intelectual revolucionário ou qualquer brasileiro que se preze não chega perto de outra bebida. Cognac, monsieur?
Hoje, universidades tentam criar uma cachaça sem as contra-indicações do bafo e da ressaca, tudo para concorrer no mercado mundial. Ao que parece, querem desinventá-la. Cura para ressaca? Já ouvi essa história!
“Eu bebi demais/eu fiquei mamado/eu caí no chão/e fiquei deitado/nas mãos de um soldado eu fui carregado”. Talvez não seja possível enumerar o número de canções em que a “mardita” aparece, mas quanto aos seus sinônimos, podemos tentar. É tanto nome que é bem capaz de você ficar tonto. Da próxima vez, peça uma abre-bondade. Não gostou? Então escolha entre abre-coração, abrideira, abridora, aca, ácido, aço, acuicui, a-do-ó, água, água-benta, água-bórica, água-branca, água-bruta, água-de-briga, água-de-cana, água-de-setembro, água-lisa, água-pé, água-pra-tudo, água-que-gato-não-bebe, água-que-passarinho-não-bebe, aguardente, agundu, alicate, alpista, alpiste, amarelinha, amorosa, angico, aninha, apaga-tristeza, a-que-incha, aquela-que-matou-o-guarda, aquiqui, arapari, ardosa, ardose, ariranha, arrebenta-peito, assina-ponto, assovio-de-cobra, azougue, azulada, azuladinha, azulina, azulzinha, bafo-de-tigre, baga, bagaceira, baronesa, bataclã, bicarbonato-de-soda, bicha, bichinha, bicho, bico, birinaite, birinata, birita, birrada, bitruca, boa, boa-pra-tudo, bom-pra-tudo... e olha que ainda nem terminamos a letra B! Saúde.
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sexta-feira, 9 de julho de 2010

[Imagem da Noite.]

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[Enjoy Division.]

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"Unknown Pleasures"
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(1979)
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[Mensagem do Dia.]

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[Milk Shakespeare.]

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— O cansaço ronca em cima de uma pedra, enquanto a indolência acha duro o melhor travesseiro.

— Vazias as veias, nosso sangue se arrefece, indispostos ficamos desde cedo, incapazes de dar e de perdoar. Mas quando enchemos os canais e as calhas de nosso sangue com comida e vinho, fica a alma muito mais maleável do que durante esses jejuns de padre.

— Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o mundo como mestre. A experiência se adquire na prática.

— Se o ano todo fosse de feriados, o lazer, como o trabalho, entediaria.

— Ventre grande é sinal de espírito oco; quando a gordura é muita, o senso é pouco.

— Que é o homem, se sua máxima ocupação e o bem maior não passam de comer e dormir?

— Do jeito que o mundo anda, ser honesto é (igual) a ser escolhido entre dez mil.

— Hóspede oferecido (...) só é bem-vindo quando se despede.

— Um homem inteligente pode transformar-se num joão-bobo, quando não sabe valer-se de seus recursos naturais.

— Quem não sabe mandar deve aprender a ser mandado.

— A mulher que não sabe pôr a culpa no marido por suas próprias faltas, não deve amamentar o filho, na certeza de criar um palerma.

— As coisas mais mesquinhas enchem de orgulho os indivíduos baixos.

— Ninguém pode calcular a potência venenosa de uma palavra má num peito amante.

— Sábio é o pai que conhece seu próprio filho.

— Tem ventura fugaz, sempre periga, quem se fia em rapaz ou rapariga.

— Ser ou não ser... eis a questão.

— É estranho que, sem ser forçado, saia alguém em busca de trabalho.

—As mais belas jóias, sem defeito, com o uso o encanto perdem.

— O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria.

— Nunca poderá ser ofensivo aquilo que a simplicidade e o zelo ditam.


[O amigo é um momento de eternidade.]

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- O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca.

- A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.

- O amigo é um momento de eternidade.

- O asmático é o único que não trai.

- Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma.

- O biquíni é uma nudez pior do que a nudez.

- O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro.

- Não admito censura nem de Jesus Cristo.

- Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.

- Deus só freqüenta as igrejas vazias.

- Copacabana vive, por semana, sete domingos.

- Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora!

- A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.

- Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

- A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos.

- No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.

- Não reparem que eu misture os tratamentos de "tu" e "você". Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.

- Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.

- Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.

- Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.

- O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: — dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses.

- Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.

- Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.

- O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.

- Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.

- Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar.

- Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: — não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.

- Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.

- Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.

- Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: — a nossa.

- Sexo é para operário.

- Morder é tara? Tara é não morder.

- Todo tímido é candidato a um crime sexual.

- Só há uma tosse admissível: — a nossa.

- Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.

- Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

[Poema V]

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Companheiro, morto desassombrado, rosácea ensolarada
quem senão eu, te cantará primeiro. Quem senão eu
pontilhada de chagas, eu que tanto te amei, eu
que bebi na tua boca a fúria de umas águas
eu, que mastiguei tuas conquistas e que depois chorei
porque dizias: “
amor de mis entrañas, viva muerte”.
Ah! Se soubesses como ficou difícil a Poesia.
Triste garganta o nosso tempo, TRISTE TRISTE.
E mais um tempo, nem será lícito ao poeta ter memória
e cantar de repente:
“os arados van e vên
dende a Santiago a Belén”.

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Os cardos, companheiro, a aspereza, o luto
a tua morte outra vez, a nossa morte, assim o mundo:
deglutindo a palavra cada vez e cada vez mais fundo.
Que dor de te saber tão morto. Alguns dirão:
Mas se está vivo, não vês? Está vivo! Se todos o celebram
Se tu cantas! ESTÁS MORTO. Sabes por quê?
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“El passado se pone
su coraza de hierro
y tapa sus oídos
con algodón del viento.
Nunca podrá arrancársele
un secreto.”

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E o futuro é de sangue, de aço, de vaidade. E vermelhos
azuis, braços e amarelos hão de gritar: morte aos poetas!
Morte a todos aqueles de lúcidas artérias, tatuados
de infância, de plexo aberto, exposto aos lobos. Irmão.
Companheiro. Que dor de te saber tão morto.
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